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sábado, 12 de maio de 2012

Quando amadurecemos...

Criei este blog quando tinha 18 anos. E o "Rodas Antenadas" acompanhou não só o meu desenvolvimento na escrita, como também o meu desenvolvimento pessoal.

Como acontece na vida de qualquer pessoa, estou amadurecendo e revendo alguns conceitos.

Você entenderá melhor o que quero dizer.

Em 2008, escrevi um texto criticando a TV Senado (leia mais aqui). Baseado em texto bem humorado do ator e humorista Bruno Mazzeo, escrevi, resumindo, que a TV Senado deveria substituir os discursos dos senadores por atrações mais interessantes e apostar em atrações populares.

Mexendo recentemente em meus arquivos, acabei encontrando este texto. E, como já escrevi nos primeiros parágrafos, o amadurecimento me fez perceber que alguns de meus conceitos estavam errados.

Em primeiro lugar, por se tratar da TV Senado, acredito que as sessões plenárias e, consequentemente, os discursos dos senadores, devem ser mantidos na programação. Os senadores são as "estrelas principais" do canal. E há ainda um outro lance: as transmissões nos dão a oportunidade de, certo modo, "fiscalizar" o comportamento e trabalho de nossos políticos (se frequentam as sessões, etc.).

Mas, apesar deste mea culpa, continuo mantendo algumas visões escritas no texto. Acredito, em primeiro lugar, que a TV Senado deveria ser mais acessível ao público, ou seja, ter mais alcance nos lares brasileiros e, além disso, ela também deveria ter uma linguagem mais clara, principalmente em assuntos que digam respeito às atividades legislativas, embora eu já tenha visto no canal alguns programetes (pequenos programas) que explicavam ao público algumas dessas atividades.

No texto, comentei ainda que a emissora exibe bons documentários (vira e mexe este vos escreve assiste a alguns) e dá espaço para a cultura nacional e, também, para alguns debates.

E, para encerrar o meu raciocínio, acredito que, na condição de TV pública, a TV Senado, assim como as TVs Câmara, Brasil, e outras, não devem se preocupar com a audiência - pois não são emissoras comerciais - mas com bons e instrutivos conteúdos, que possam acrescentar algo aos telespectadores.  

domingo, 18 de setembro de 2011

A babá eletrônica

Hoje a TV brasileira completa 61 anos. Em 18 de setembro de 1950, o empresário Assis Chateaubriand inaugurava a TV Tupi, emissora que permaneceu no ar até 1980.


Quem me conhece, sabe: gosto muito de ler, comentar e, principalmente, assistir televisão. Na minha infância, por uma série de motivos, não brinquei na rua. Costumava, na maioria do tempo, ficar em casa. Então, na minha vida, a teoria de que a TV é uma "babá eletrônica" vem a calhar.


Tenho as mais remotas lembranças televisivas. Recordo da dupla de apresentadores do Jornal Nacional, Sérgio Chapelin e Cid Moreira (de quem tinha medo quando era pequeno), "Vídeo Show" (com Miguel Falabella), programas infantis históricos da TV Cultura, "Topa Tudo Por Dinheiro (e diversos outros programas apresentados por Sílvio Santos), programas da extinta Rede Manchete (incluindo a vinheta de abertura e encerramento da emissora)... enfim, são diversas lembranças.


Fazendo um balanço da história da TV brasileira, é possível observar que ela acertou e errou muitas vezes, coisa que acontece até hoje. Vimos programas ótimos de informação e entretenimento, mas também assistimos à atrações de puro mau gosto, que apenas tinham interesse na audiência a qualquer custo.


Mas, olhando para a nossa televisão nos dias atuais, é satisfatório ver como ela evoluiu. Ainda é possível ver, em algumas atrações, o problema que apontei no parágrafo anterior, mas, com o "satisfatório", me refiro à situação existente: as emissoras têm condições de competir de forma mais igual, diferentemente do que acontecia nas décadas passadas, época em que a Rede Globo reinava soberana.


Hoje, apesar de, na maioria das vezes, a Globo ainda ser a líder em audiência, outras emissoras vêm apresentando desenvolvimento técnico e artístico, apresentando boas atrações que nada devem à emissora líder.


Enfim, no dia inauguração da TV no Brasil, desejo que, cada vez mais a televisão nos presenteie com boas atrações e se desenvolva cada vez mais (OBS: Este recado é válido para todas as emissoras).


*Leia o texto "A deficiência na TV, que escrevi para o Guia Inclusivo (clique aqui).


* Imagem: Google Imagens

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A tesourinha


Nota: tive a ideia de escrever este texto após ler o ótimo livro "1985 - o ano em que o Brasil recomeçou", de Edmundo Barreiros e Pedro Só.

Em 1985, no processo de abertura política e redemocratização do país, foi anunciado o fim da censura. Muitos festejaram, mas infelizmente, com o passar dos dias, deu pra sacar que o fim da censura era fachada, embora ela estivesse enfraquecida.

Para se ter uma noção, músicas lançadas naquele ano sofreram algum tipo de corte. Destaque para "Só as mães são felizes" (onde os censores pegaram mal com o trecho "Você nunca sonhou/Ser currada por animais/Nem transou com cadáveres?/Nunca traiu teu melhor amigo/Nem quis comer a tua mãe?") e "Revoluções por minuto", do RPM (lembro que vi, numa entrevista, Paulo Ricardo ressaltar que, na época, a censura implicou com o trecho "aqui na esquina cheiram cola").

Mas a censura não atingiu apenas o mundo da música no período pós-ditadura. Algumas telenovelas sofreram cortes. Exemplos não faltam. Um dos maiores sucessos teledramatúrgicos da TV brasileira, Roque Santeiro - que havia sido proibida de ir ao ar em 1975 por causa da já citada censura - foi vitimada pela tesourinha. Tudo porque os censores não gostaram de uma cena de beijo entre uma mulher casada e seu amante, além de tentarem impedir o uso da palavra "bosta", como relata o livro "1985".

Nos anos posteriores, outras novelas viriam a sofrer golpes de tesoura, como Mandala (é, aquela mesmo do "como uma deusa"), de 1987, principalmente por causa da relação incestuosa entre mãe e filho - Jocasta e Édipo - vale ressaltar que os personagens não sabiam de suas respectivas condições - e Vale Tudo, de 1988, onde a censura pegou mal com a existência de um casal de lésbicas na trama - Laís e Cecília - e, por causa disso, várias cenas com as personagens tiveram que ser reescritas.

Voltando para 1985, apesar do anúncio do fim da censura, um fato grave e contraditório aconteceu: o filme "Je vous salue, Marie", do diretor Jean-Luc Godard, foi "extraoficialmente censurado". Explicando: o filme não foi oficialmente censurado, mas, segundo conta o já citado livro que inspirou este post, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) se incomodou com a versão moderna da história do nascimento de Cristo e pressionou o governo a censurar a película. Deu resultado.

Mas aparentemente este quadro está mudando. Recentemente, por exemplo, a novela "Amor e Revolução", do SBT, exibiu um longo beijo entre duas mulheres. E, aliás, tudo indica que um beijo entre dois homens deverá ser exibido na mesma trama.

Apesar de vivermos em uma sociedade onde gozamos de muito mais liberdade do que antigamente, acredito que ainda temos vestígios da censura por aí. Analise bem que certamente você encontrará alguns deles.

*Recomendo a leitura do livro "1985 - o ano em que o Brasil recomeçou"

*Imagem: Google Imagens

segunda-feira, 2 de maio de 2011

"Bin Laden is dead": vitória ou o início de um outro problema?



Ontem, por volta da 1h da madrugada, estava assistindo ao "De Frente Com Gabi". Como o programa havia ido para o intervalo, resolvo mudar de canal. Mudo para a Globo News, esperando ver a reprise do "Fantástico", quando me deparo com a imagem de uma multidão gritando, festejando, agitando as bandeiras dos Estados Unidos. Embaixo da imagem, estava escrito no GC (Gerador de Caracteres)"Americanos comemoram morte de Bin Laden em frente à Casa Branca".

Ainda meio sem saber como havia acontecido a morte do terrorista mais procurado do mundo, resolvo mudar para a Rede Globo, suspeitando que, devido a importância da notícia, o temido plantão global seria exibido a qualquer momento. Dito e feito. Logo de cara, me deparo com o pronunciamento do presidente Barack Obama confirmando a informação: Bin Laden, o terrorista apontado como o mentor dos ataques de 11 de setembro de 2001, foi morto por militares americanos no Paquistão.

De imediato, começou-se a falar sobre a vitória dos EUA sobre o terror. Mas é impossível não se fazer algumas perguntas diante deste fato: os EUA realmente venceram a guerra contra o terror? Por que a foto de Bin Laden morto ainda não foi divulgada?

Mas a principal pergunta é a seguinte: há o risco de uma represália por parte da Al-Qaeda, organização da qual Bin Laden era líder? A CIA - Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos - já declarou que sim. Por causa disso, pode ser que a solução de um problema - o assassinato de Bin Laden - tenha dado início a um outro problema: o do constante sentimento de insegurança por parte dos americanos. Além disso, parte da imprensa trata como indefinida a situação comercial entre EUA e oriente médio. É esperar para ver.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Falta música na TV!



Ontem vi que a estreia do programa "Chico & Caetano", exibido pela Rede Globo, completou 25 anos. Na epóca, eu ainda não havia nascido, mas pude ver em diversos vídeos que se tratava de um bom programa, que priorizava a música.

Diante deste fato, parei para refletir. Pensei em como a música tem perdido espaço na TV com o passar do tempo. Antigos programas que respiravam música, como o "Mixto Quente", também exibido pela emissora dos Marinho, e os diversos especiais protagonizado por cantores e bandas em diversos canais, se tornaram extintos.

Para exemplificar, vou usar um cantor do qual gosto: Ney Matogrosso. No começo dos anos 80, a Rede Globo transmitiu um especial integral com Ney, intitulado "Ney de Souza Pereira". No final da mesma década, a extinta Rede Manchete também exibiu um especial. Ambos, pelo que pude pesquisar, mostraram shows do ex-vocalista dos Secos & Molhados, ou seja, possuíam uma boa quantidade de música.

Agora vamos pular para os anos 2000. Ney foi ao programa "Domingão do Faustão" lançar o seu CD "Inclassificáveis". Como curto o trabalho de Ney, aguardei pacientemente por sua apresentação. E, para minha frustração, o cantor adentra o palco do programa aos 45 minutos do segundo tempo e canta uma música e meia! Meia porque o tempo do programa havia se esgotado e era preciso ceder espaço à atração seguinte.

Mas tal característica não se aplica apenas à TV aberta. Alguns canais à cabo, que eram essencialmente musicais em seu começo, como a MTV e o Multishow, agora também dão prioridade ao entretenimento em sua programação e estão apostando em programas de humor.

Não estou afirmando que é errado dar espaço ao entretenimento. Mas a música precisa ter mais espaço na TV. Além de proporcionar belos espetáculos, a música é capaz de alegrar e conscientizar. Sinto falta de bons musicais na TV que priorizem a música. Quem sabe não surja um novo "Chico & Caetano" por aí...

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O telespectador sensacional

Roberto chegara em casa muito cansado. Havia trabalhado por mais de oito horas naquele dia, situação que acontecia com certa freqüência. Como de praxe, resolveu assistir ao Jornal Nacional para acompanhar as notícias do dia.

A data era 17 de fevereiro de 1986. Uma tragédia havia acontecido no Rio de Janeiro: o edifício Andorinha, localizado no centro da cidade, foi atingido por um incêndio. Apesar de ter certa sensibilidade para ver cenas de horror, Roberto não ligou para o comunicado lido pelo apresentador Cid Moreira, que dizia que a reportagem continha imagens muito fortes e recomendava que tirassem da sala “as crianças e pessoas que se impressionam”. Se arrependeu. As cenas das pessoas se jogando do alto do edifício, aliados aos gritos de desespero da repórter que testemunhava aquele momento, foram demais para o trabalhador. Foram noites de insônias e pesadelos até o restabelecimento.

Um pouco mais velho, nos anos 90, Roberto testemunhou a estreia de um novo programa, que prometia mostrar a “realidade como ela é”. Era o “Aqui Agora”. As cenas de gritaria, correria e desespero impressionavam Roberto, mas ele continuava acompanhando o programa, pois dizia que deveria ficar a par dos acontecimentos. Porém, um dia em que Roberto assistia tranquilamente ao “Aqui Agora”, os apresentadores chamaram a atenção para um fato que ocorria naquele momento: uma garota ameaçava se jogar do alto de um edifício, para perplexidade e desespero dos telespectadores. O que todos temiam aconteceu: a garota se jogou e morreu. Tudo foi exibido ao vivo. Roberto automaticamente se lembrou da cena do edifício Andorinha e novamente se abalou. Pensava que aquela garota poderia ser sua filha e imaginava o desespero de vê-la se suicidando ao vivo, na frente de milhares de telespectadores horrorizados.

Com o passar dos anos, o sensacionalismo estaria sempre presente na vida de Roberto de diversas formas, como nos programas similares ao “Aqui Agora” e até mesmo em telejornais “normais”. O último show de horror que assistiu foi a cobertura do massacre na Escola Tasso da Silveira, no bairro do Realengo, no Rio de Janeiro. As imagens das crianças correndo ensangüentadas e desesperadas foram deprimentes para o nosso personagem, que já era avô. Quanto mais as imagens se repetiam, mais agoniado ele ficava.

Pouco tempo depois, Roberto estava na rua, quando, de repente, um tiroteio entre policiais e bandidos se iniciou. Muitos conseguiram correr, mas nosso ilustre telespectador não teve a mesma sorte. Foi atingido por uma bala perdida e faleceu ali mesmo. Sua morte ganhou espaço nos principais programas de TV. Em alguns deles, seu corpo morto e ensangüentado foi mostrado por inúmeras vezes, para o aumento no número do Ibope de tais produtos televisivos.

Roberto tinha horror ao sensacionalismo, mas sua morte acabou sendo sensacional para editores e empresários midiáticos. Como diz aquela música da banda O Rappa, “nos jornais, eu vejo o meu sangue como capital...”.

* Roberto é um personagem fictício

terça-feira, 26 de abril de 2011

O Rodas Antenadas está voltando...




Meus amigos, é com muito orgulho que eu anuncio que o Rodas Antenadas está voltando, depois de um longo período de férias.


Nos últimos tempos, me dediquei (e continuo me dedicando) ao Guia Inclusivo e, por isso, este espaço foi meio que deixado de lado.


Mas a saudade falou mais alto e o Rodas voltará a ser atualizado, mas algumas mudanças ocorrerão por aqui.


Explico: como já falo sobre deficiência no Guia Inclusivo, tratarei prioritariamente de outros temas no Rodas Antenadas. Porém, o assunto deficiência poderá ser tratado aqui ocasionalmente.


Bom, é isso.


Amanhã já terá um novo post por aqui.


Conto com o acesso de vocês aqui no Rodas Antenadas e no Guia Inclusivo, combinado?


Um abraço,


Rodrigo Almeida